No último dia 04 de setembro o Rio Grande do Sul foi agraciado com uma bela prova de aventura organizada pelo Rodrigo Wazlawig da Trip Adventure, com direção técnica do Luís Grassel, responsável por provas de Corrida de Aventura no estado. A prova foi a primeira edição de uma Multisport realizada no estado, composta por atividades de remo, corrida e bike. Para quem não conhece, as provas no estilo "multisport" se diferenciam das corridas de aventura por terem seu percurso demarcado e não contarem com a modalidade de orientação, já que o caminho a ser percorrido é único e é apresentado aos atletas no briefing.
Contratado pela TripAdventure, parti no domingo bem cedo para a cidade de Três Coroas, rumo ao Brasil Raft Park, onde seria a sede da prova. Chegando lá encontrei já aquele clima de preparação, com atletas solo e duplas retirando as bikes dos carros, carregando ducks e remos e realizando os últimos preparativos e ajustes de equipamentos, hidratação e alimentação para a prova. Logo em seguida, a organização realizou o briefing, dando todos os detalhes para os atletas e, claro, fotógrafos, que no caso eram eu e mais um colega da região, além de outros que estavam lá para registrar a prova com amigos e conhecidos.
O momento anterior a prova traz imagens muito interessantes de se registrar e é algo que gosto muito de fazer. Dava para ver a ansiedade no rosto dos atletas, a espera pelo momento da largada, o receio com cada trecho mais complicado que era apresentado e a vontade de largar de uma vez.
Após o briefing, a galera toda subiu a bordo dos caminhões que os levariam até o local de largada, a represa do Rio Paranhanas, onde os atletas solo largariam em caiaques do tipo "duck" (infláveis) e as duplas largariam em conjunto em botes de rafting com guias. Parti a frente de todos para já aguardar a passagem dos caminhões no primeiro ponto em que combinei com o Rodrigo em que eu ficaria para registrar o início da prova. O grande diferencial para mim nesta prova foi o fato de ter ido com meu próprio carro, 4x4, que permitiu que eu me deslocasse pelo percuros, a frente ou atrás dos atletas, buscando as melhores imagens.
A passagem dos caminhões na ponte em que eu aguardava já renderam algumas belas fotos, pois o pessoal parecia um bando de "bóias-frias" na caçamba do caminhão, o que até não deixa de ser verdade. Com a largada, em poucos minutos os primeiros atletas já despontaram em uma curva do rio Paranhana e vieram com tudo em minha direção, onde já se iniciou o primeiro desafio para fotografar. Como o rio Paranhana é bastante arborizado em suas margens, o ambiente ficava repleto de áreas com sombras escuras e áreas com pleno sol, que estava "de rachar" e ainda refletia na água tornando-a prateada. Quase enlouqueci com o dedo no obturador e na velocidade de disparo. É algo que realmente precisa ser treinado para quem quer registrar esportes, principalmente nestas condições em águas brancas.
Com várias fotos do pessoal passando de duck e e rafting, pulei no carro para voltar correndo ao Brasil Raft Park onde seria feita a transição para a mountain bike. Neste tipo de prova, não dá para ficar parado muito tempo em um local só tentando compor muito ou esperando para registrar todos os atletas. É preciso calcular o "timing" certo para partir para registrar outros momentos decisivos na prova. Já na transição pude pegar os primeiros atletas saindo da água e correndo até o local em que estavam suas bikes, mochilas e outros equipamentos. O pessoal nem sonhava ainda com a loucura que viria pela frente.
Fotos da transição realizadas, hora de subir no carro de novo e partir morro acima para pegar a seção de bike. E "põe morro acima nisso"! A prova passou por uma interminável subida em que grande parte dos competidores tiveraram que descer e empurrar a bicicleta morro acima. Para "o" fotógrafo, apesar do calor forte, pura diversão, pegando momentos expressivos no rosto do pessoal já "morto" ainda no início da prova. Deu também para registrar muitas fotos bacanas com a lente grande angular do pessoal passando em um pequeno riacho com a bike, jogando água para os lados (e para a câmera).
Bom, o trecho de bike se dividia entre a categoria "Pró" e a categoria "Aventura", de acordo com o percurso definido para cada uma destas. Segui então atrás do pessoal da categoria aventura, já que conforme combinado com o organizador, teria a oportunidade de registrar locais mais bonitos no trecho de corrida/trekking. Mais uma vez a vantagem do 4x4, pois pude entrar em estradinhas com acesso mais difícil tranquilamente, e registrar o pessoal com o morro do Pico da Canastra ao fundo, um dos cartões postais da região.
Após "pegar" o pessoal no trekking, foi momento de voltar então ao parque para registrar os momentos de chegada dos atletas, comemoração e premiação. A Multisport Serra Gaúcha foi realmente uma grande prova, com belíssima paisagem e um percurso desafiador. Deu para ver a empolgação e satisfação de todos os atletas ao completarem a prova, finalizada com um almoço oferecido pelo pessoal do parque. Curti muito e já estou esperando a próxima!
baholhasoh
ainda me surpreendo
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Cobertura The North Face Endurance Challenge
Após a cobertura do Ecomotion Pro 2011 na Bahia, voltei sim para a Argentina como planejava, mas não para Ushuaia. Voltei para trabalhar para a marca The North Face, da Argentina, na cobertura fotográfica da ultramaratona de montanha The North Face Endurance Challenge 2011, realizada em Salta, no norte do país.
A prova era composta por percursos de 10km, 21km, 50km e 80km, com um desnível real de mais de 1000m pelas montanhas ao redor da bela cidade de Salta. Entre os destaques da prova, a participação das competidoras Diane Van Deren e Tracy Garneau, ambas atletas patrocinadas pela marca The North Face e vencedoras de outros desafios alucinantes em provas de longa distância. Diane, por exemplo, vencera uma corrida de 700km pelas paisagens nevadas do Canadá, entre outros feitos impressionantes.
Meu papel dentro da equipe de quatro fotógrafos, foi o de realizar as imagens do percurso no topo da montanha. Para isto, tive que subir com uma equipe do clube de montanhismo de Salta as 23hs da noite anterior a largada da prova, e acampar próximo ao cume do primeiro pico por onde passariam os atletas dos percursos de 50km e 80km. Chegamos ao local as 2hs da manhã, e as 5hs já estávamos acordando para chegar realmente ao topo e nos prepararmos para a passagem dos competidores.
A experiência de fotografar esta prova foi muito interessante e se tornou um belo aprendizado. Primeiro porque tive que me deslocar pelo percurso para fotografar uma prova esportiva com a mochila carregada com suprimento de comida e água para um dia e meio, mais a barraca para dormir, o que não é tarefa fácil quando se tem o objetivo de acompanhar e registrar atletas em pontos "cênicos" do percurso, onde é necessário mais agilidade do que uma saída normal para fotos de aventura.
Em segundo lugar, porque pude avaliar a questão de logística para a fotografia da prova, o que com certeza levarei comigo para próximos eventos similares. Ao contrário do que seria o ideal, me foi designado subir a montanha no mesmo sentido em que os corredores o fariam, de forma que só pude registrar fotos dos atletas "de ponta" logo no início do trecho de montanha, em pontos que não eram os mais belos na região. Para piorar, o sol nascia exatamente perpendicular ao "filo" da montanha, ficando exatamente atrás dos atletas durante a parte da manhã. De acordo com os organizadores do percurso, os pontos com uma paisagem mais encantadora estavam já no trecho final da montanha, no percurso mais longo de 80km, de forma que quando me aproximei destes locais (fazendo trekking com a mochila + equipamento fotográfico), restavam poucos corredores, que ainda por cima estavam também cansados e já caminhavam ao invés de correr. O ideal seria ter subido no sentido contrário e ir registrando os melhores atletas nos pontos mais belos e ir me deslocando no sentido contrário ao da prova.
De qualquer forma, como se diz por aí, "do limão se faz uma limonada", e consegui realizar fotos muito bacanas tanto da corrida quanto dos atletas em momentos únicos nos postos de hidratação e chegada. Confira algumas fotos abaixo e outras no Flickr.
Uma das minhas fotos foi utilizada para a divulgação do programa de TV realizado pela ESPN sobre a competição:
A prova era composta por percursos de 10km, 21km, 50km e 80km, com um desnível real de mais de 1000m pelas montanhas ao redor da bela cidade de Salta. Entre os destaques da prova, a participação das competidoras Diane Van Deren e Tracy Garneau, ambas atletas patrocinadas pela marca The North Face e vencedoras de outros desafios alucinantes em provas de longa distância. Diane, por exemplo, vencera uma corrida de 700km pelas paisagens nevadas do Canadá, entre outros feitos impressionantes.
Meu papel dentro da equipe de quatro fotógrafos, foi o de realizar as imagens do percurso no topo da montanha. Para isto, tive que subir com uma equipe do clube de montanhismo de Salta as 23hs da noite anterior a largada da prova, e acampar próximo ao cume do primeiro pico por onde passariam os atletas dos percursos de 50km e 80km. Chegamos ao local as 2hs da manhã, e as 5hs já estávamos acordando para chegar realmente ao topo e nos prepararmos para a passagem dos competidores.
A experiência de fotografar esta prova foi muito interessante e se tornou um belo aprendizado. Primeiro porque tive que me deslocar pelo percurso para fotografar uma prova esportiva com a mochila carregada com suprimento de comida e água para um dia e meio, mais a barraca para dormir, o que não é tarefa fácil quando se tem o objetivo de acompanhar e registrar atletas em pontos "cênicos" do percurso, onde é necessário mais agilidade do que uma saída normal para fotos de aventura.
Em segundo lugar, porque pude avaliar a questão de logística para a fotografia da prova, o que com certeza levarei comigo para próximos eventos similares. Ao contrário do que seria o ideal, me foi designado subir a montanha no mesmo sentido em que os corredores o fariam, de forma que só pude registrar fotos dos atletas "de ponta" logo no início do trecho de montanha, em pontos que não eram os mais belos na região. Para piorar, o sol nascia exatamente perpendicular ao "filo" da montanha, ficando exatamente atrás dos atletas durante a parte da manhã. De acordo com os organizadores do percurso, os pontos com uma paisagem mais encantadora estavam já no trecho final da montanha, no percurso mais longo de 80km, de forma que quando me aproximei destes locais (fazendo trekking com a mochila + equipamento fotográfico), restavam poucos corredores, que ainda por cima estavam também cansados e já caminhavam ao invés de correr. O ideal seria ter subido no sentido contrário e ir registrando os melhores atletas nos pontos mais belos e ir me deslocando no sentido contrário ao da prova.
De qualquer forma, como se diz por aí, "do limão se faz uma limonada", e consegui realizar fotos muito bacanas tanto da corrida quanto dos atletas em momentos únicos nos postos de hidratação e chegada. Confira algumas fotos abaixo e outras no Flickr.
Uma das minhas fotos foi utilizada para a divulgação do programa de TV realizado pela ESPN sobre a competição:
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Local:
Salta, Argentina
Cobertura do Ecomotion Pro 2011
Sempre há tempo para retomar o blog, mesmo que algum tempo tenha passado. Após o último post em que eu estava em Calafate, no sul da Argentina, retornei a Porto Alegre e em poucos dias fui para a Bahia para trabalhar na cobertura oficial do Ecomotion Pro 2011.
A experiência foi única. Uma semana inteira convivendo com uma grande equipe, responsável pela realização do evento. Do diretor da prova aos gerentes de área, PCs, assessoria de imprensa, fotógrafos, cinegrafistas, todos enlouquecidos com o grande circo que é o Ecomotion. Literalmente uma caravana avançando por diversos municípios envolvidos direta ou indiretamente com a prova, providenciando bases fixas, instalando repetidoras de rádio, providenciando acomodação para staff e mídia, organizando os pontos de controle para a passagem dos atletas e muito mais.
A cobertura fotográfica em si foi uma aventura a parte. Passei um dia inteiro no carro com a equipe do programa de TV Adrenalina, aqui do sul, Leo Sassen (apresentador) e Luca (cinegrafista), acompanhando e perseguindo as equipes em pontos paradisíacos do litoral bahiano, e passando alguns perrengues, em estradas intransitáveis, atoleiros, buraqueiras noite adentro, perdidos e com medo dos índios.
Nos outros dias me dividia entre a realização de fotos nos PCs, em pontos específicos como as verticais na Pedra do Oratório ou na pick-up 4x4 com o Ale Socci (fotógrafo), Marcelo Machado (cinegrafista) e Beto Boaretto (biker motorista aventureiro), em busca de belas imagens, independente do horário do dia ou da noite. Agimos muito também como apoio para equipes que quebraram ou se perderam pelo caminho, já que tínhamos rádios móveis tanto no veículo quanto individualmente.
O resultado foram belas imagens, que buscam mostrar um pouco a adrenalina que corre na veia de atletas, staff e espectadores deste grande show de aventura. Confira abaixo algumas fotos do Ecomotion Pro 2011e outras mais no Flickr ou no Stock.
A experiência foi única. Uma semana inteira convivendo com uma grande equipe, responsável pela realização do evento. Do diretor da prova aos gerentes de área, PCs, assessoria de imprensa, fotógrafos, cinegrafistas, todos enlouquecidos com o grande circo que é o Ecomotion. Literalmente uma caravana avançando por diversos municípios envolvidos direta ou indiretamente com a prova, providenciando bases fixas, instalando repetidoras de rádio, providenciando acomodação para staff e mídia, organizando os pontos de controle para a passagem dos atletas e muito mais.
A cobertura fotográfica em si foi uma aventura a parte. Passei um dia inteiro no carro com a equipe do programa de TV Adrenalina, aqui do sul, Leo Sassen (apresentador) e Luca (cinegrafista), acompanhando e perseguindo as equipes em pontos paradisíacos do litoral bahiano, e passando alguns perrengues, em estradas intransitáveis, atoleiros, buraqueiras noite adentro, perdidos e com medo dos índios.
Nos outros dias me dividia entre a realização de fotos nos PCs, em pontos específicos como as verticais na Pedra do Oratório ou na pick-up 4x4 com o Ale Socci (fotógrafo), Marcelo Machado (cinegrafista) e Beto Boaretto (biker motorista aventureiro), em busca de belas imagens, independente do horário do dia ou da noite. Agimos muito também como apoio para equipes que quebraram ou se perderam pelo caminho, já que tínhamos rádios móveis tanto no veículo quanto individualmente.
O resultado foram belas imagens, que buscam mostrar um pouco a adrenalina que corre na veia de atletas, staff e espectadores deste grande show de aventura. Confira abaixo algumas fotos do Ecomotion Pro 2011e outras mais no Flickr ou no Stock.
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Local:
Bahia, Brasil
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Atacado por animal selvagem na Patagônia
Os últimos três dias passei no camping do Lago La Roca em El Calafate, que fica na mesma região dos glaciares e do campo de gelo sul. Saí terça de manhã de El Calafate com sol e cheguei lá, a 50km de distância, com chuva e frio.
O camping é excelente, um local muito bonito, rodeado de montanhas cobertas de neve e gelo. Há 200 metros a beira do Lago La Roca, que se conecta por um pequeno estreito ao braço sul do Lago Argentino. Como estava muito frio e chovendo, fiquei com preguiça de acampar e fui para uma das pequenas cabanas com calefação que o camping dispõe, e acabei dormindo a tarde toda de terça.
Na quinta, enquanto fazia fotos da neve que caia e cobria tudo de branco, conheci um casal de argentinos que estão há 1 mês viajando em uma van pelo país, e pretendem chegar em até 2 anos ao Alasca. Dei uma ajudada a desatolar a van na neve e depois saímos para fazer fotos juntos, terminando com um almoço nas instalações do camping.
Joaquim e Clara com a van em que viajam
Mas, na quarta-feita, como a chuva não parava, resolvi sair para caminhar mesmo assim pela região. Caminhei do meio-dia até as 18hs pegando chuva, vento e neve. Uma maravilha. Pior que tava legal mesmo, nestas horas você sente que a natureza aqui não tá pra brincadeira, é uma experiência interessante e que te coloca a prova de algumas coisas.
Entre elas, o risco de encontrar animais selvagens. E ser atacado por eles. Pois após umas duas horas de caminhada pela beira do lago, resolvi subir por uma trilha aberta até a estrada que leva à Estância Nibepo Aike, a partir da qual existe um caminho de 12 km em que é permitido andar, e também se tem acesso ao lago e refúgio Frias (para visitar o Glaciar Frias), mas que só permitem ir grupos de no mínimo 3 pessoas (nem com conversa mole o guardaparque te deixa passar, hehe). Estava distraidamente ajustando meu equipamento fotográfico quando dou de cara, a poucos metros na frente, com a fera. O animal negro e peludo, começou a ameaçar o ataque. Batia com as duas patas da frente no chão, acelerava em minha direção e bufava, chegando a espumar pelas narinas.
Fiquei paralizado, mas comecei a fotografar por instinto. Sabe-se lá se não seriam meus últimos momentos. Já sentia um ar gelado correndo pela espinha, que me endurecia o corpo mais ainda, somado ao vento gélido que me açoitava a face. O animal se aproximou, ficando a um metro e meio de distância, por vezes apenas nas duas patas traseiras, mostrando as garras afiadas em seus 30 cm de altura (não subestime, tamanho não é documento... já pensou em uma aranha de 30cm por exemplo?).
Nos olhamos por alguns momentos, nenhum dos dois recuava. Pensando que teria ainda muita coisa para ver na vida, resolvi dar alguns passos para o lado e abrir caminho para o animal, para ver se assim desistia de me ter como alimento. Segui me afastando lentamente, e ainda assim ele insistiu nas ameaças de ataque, e só quando abri uns 4 ou 5 metros de distância, resolveu então me dar as costas e seguir seu rumo, quem sabe em busca de uma presa mais a sua altura. Para mim foi um alívio. Pude então seguir na minha trilha, em direção oposta, e terminar minha caminhada de mais algumas horas tranquilo.
As fotos do animal e de alguns momentos do ataque apresento na sequência abaixo:
Zorrino
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Pequeno desvio até a Bahia
Bom pessoal, estou em El Calafate hoje, mas amanhã viajo para Porto Alegre para passar a semana, e dia 08 de abril faço um pequeno desvio da Patagônia até Porto Seguro na Bahia, ficando lá até o dia 18.
O que acontece é que vou fazer parte do staff oficial, como um dos fotógrafos, da Ecomotion Pro, uma das 11 provas que fazem parte do circuito mundial de corridas de aventura, ou Adventure Race World Series, e seletiva para o Adventure Race World Championship (AWRC). A Ecomotion Pro é uma prova de 550 km de percurso, que inclui trekking, orientação, moutain bike, técnicas verticais e caiaque, disputada por equipes de 4 pessoas. Participam as melhores equipes do mundo.
A prova de 2011 fará parte das comemorações pelo Dia do Índio (19 de abril) e também pelo aniversário do Descobrimento do Brasil (22 de abril). A Ecomotion ocorre no Brasil desde 2004, e em 2008 sediou o próprio campeonato mundial.
Já fui alertado pelo organizador da prova que a experiência com as corridas de aventura no Rio Grande do Sul e Santa Catarina vão ser de grande valia, pois vamos ter muitos trekkings durante a prova, para encontrar as equipes nas diferentes atividades.
Mas os planos ainda são de continuar a viagem pela Argentina e Chile. Após a prova, devo passar novamente por Porto Alegre para trocar equipamentos da mochila e ir direto para Ushuaia, para retomar o percurso por aqui.
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terça-feira, 29 de março de 2011
Do deserto ao gelo na Patagônia
A última semana foi bastante corrida. Em Puerto Madryn, conheci no tour pela Península dois espanhóis (Daniel e Raquel) e acabamos combinando de descer juntos de carro rumo ao sul. Conseguimos com o guia argentino Martin, da agência Categoria Patagônia, acertar para nos levar de carro (a mesma Ranger 4x4 do passeio pela península) até Rio Gallegos. A Raquel ainda conseguiu um suíço (Michel) para ajudar a dividir os custos da viagem.
Acabou sendo a melhor opção para ir para o sul, já que de ônibus ou avião não teria visto nem um quinto do que vi e fiz nos 5 dias de viagem que fizemos, além de ter feito bons amigos. O Martin então é um grande cara, fez de tudo para nos agradar, o tempo todo. Pagou até café da manhã (com os maravilhosos folheados de tudo quanto é tipo que tem aqui) e uma noite de hospedagem em uma cabana. O Martin curte muito fotografia, natureza e aventuras, então nos demos muito bem. Deixamos até meio combinado para em novembro eu voltar a Madryn para fazermos uns acampamentos mais selvagens (sem ser pela agência) e para outubro de 2012 fazermos juntos uma travessia que ele já fez há 3 anos, de Puerto Madryn, na beira do Atlântico, até Puerto Montt, no Chile, na beira do Pacífico. Foi uma travessia a pé, em 46 dias, passando pelos desertos da Patagônia em uma estrada remota, junto com um outro amigo e um cavalo que levava a água. Pararam em algumas estâncias no caminho onde foram muito bem recebidos pelos moradores e ao final cruzaram os Andes na região dos lagos.
Bom, nesta viagem de 5 dia, passamos por Punta Lomas, onde descemos as falésias até uma pequena colônia de elefantes marinhos, onde pude tirar fotos muito de perto destes. Tendo a "manha" para se aproximar eles se mantem calmos, mas tem que chegar uma pessoa por vez, agaichada e se manter deitado no chão depois para que não se assustem ou não resolvam entfrentá-lo.
Neste primeiro dia, acampamos na pequena cidade de pescadores Camarones. O que foi muito bacana nesta viagem, é que por centenas de quilômetros andamos por estradas de "ripio", fora da tradicional Ruta 03, asfaltada. Foram estradas pelas quais não cruzamos praticamente com nenhum carro, com muito poucas estâncias no caminho e com a oportunidade de ver muitos animais selvagens. Vimos guanacos, peludos e pichis (dois tipos de tatus), choiques (parecidos com a nossa Ema), maras (parente do coelho, o maior da América Latina) , lebres, zorro gris (uma pequena raposa) e muitas aves, como a martineta, o flamingo e o carancho (carcará).
Antes de Camarones, quando desci do carro e corri estepe adentro para tirar foto de um pichi, acabei perdendo meu SPOT GPS Messenger (o estojo preso a um mosquetão arrebentou), o que me dei conta 70km depois em Camarones, já a noite. Parece mentira, mas eu e o Martin no outro dia pela manhã, bem cedo, voltamos e encontramos o GPS no meio da estepe patagônica. Foi como achar uma agulha no palheiro. Mas foi graças as técnicas de orientação aprendidas nas corridas de aventura. Calculei o tempo que percorremos a partir das fotos tiradas no local e em Camarones, calculei a distância provável e ainda usamos como referência o horizonte (na verdade uma parte plana de uma pequena elevação no terreno, com alguns arbustos mais escuros, como é possível ver na foto abaixo) par poder encontrar. Funcionou, o Martin que ahou enquanto fazia uma busca circular em um ponto e eu em outro. Fantástico.
Depois de Camarones, fomos para a linda Puerto Deseado, onde existe uma "Ria" em que o mar entra 50km para dentro da costa, no lugar de um rio de água doce existente a 12 mil anos atrás quando ainda havia geleiras por ali. O local foi visitado e elogiado pelo próprio Charles Darwin em sua viagem pela costa do Atlântico, junto com Fitz Roy, nas embarcações Beagle e Adventure. A partir de Puerto Deseados, visitamos a 250km de distância o Bosque Petrificado, com uma formação geológica que te faz sentir na pré-história. É um deserto cheio de "mesetas", montanhas cônicas com platôs retos como uma mesa no topo. As árvores petrificadas, tombadas, chegavam a ter 2 metros de espessura, algo realmente incrível.
Ainda em Puerto Deseado, fizemos uma saída de barco até a Isla Pinguinos, local onde há uma grande pinguinera de Pinguins de Magalhães, colônias de lobos marinhos e uma colônia de aproximadamente 400 casais do Pinguin do Penacho Amarelo, animal que só é visto neste local e nas Ilhas Malvinas. São lindos. Foi emocionante ver animal tão raro, e encantam por sua tranquilidade.
De Puerto Deseado fomos descendo por outros caminhos fascinantes até chegar em Rio Gallegos, cidade a partir da qual se cruza para o Ushuaia. A idéia inicial era ir para lá. Mas no momento de comprar a passagem, na rodoviária, resolvi trocar o destino e vim para El Calafate, onde me encontro agora, já que a previsão do tempo para Ushuaia nos próximos 10 dias era de chuva. O resto do pessoal foi para Ushuaia, já que a oportunidade para voltarem uma outra vez era bem mais remota, pela distância dos seus países de origem.
Aqui em El Calafate, realizei hoje um trekking de 7 horas, sendo 4hs sobre o Glaciar Perito Moreno, que faz parte do Campo de Gelo Sul, terceira maior área de gelo permanente no mundo, depois da Antártida e da Groenlândia. Indescritível a experiência. Eu já tinha andado sobre o gelo na ascenção ao vulvão Villarrica no Chile, mas era uma subida "lisa". No Glaciar se caminha o tempo todo subindo e descendo as formações "artísticas" criadas pela natureza, ao lado de pequenas e grandes gretas, sumidouros e até um lago azul sob o gelo. Almoçamos na beira do lago, em meio ao Glaciar. Foi bem cansativa a experiência, mas ao mesmo tempo incrível.
Nesta terça me vou para acampar no lago La Roca, um local que dizem ser belíssimo aqui em El Calafate, voltando só na sexta-feira para sábado tomar um vôo para Porto Alegre, outra mudança nos planos, mas por um excelente motivo que vou contar só no próximo post.
Acabou sendo a melhor opção para ir para o sul, já que de ônibus ou avião não teria visto nem um quinto do que vi e fiz nos 5 dias de viagem que fizemos, além de ter feito bons amigos. O Martin então é um grande cara, fez de tudo para nos agradar, o tempo todo. Pagou até café da manhã (com os maravilhosos folheados de tudo quanto é tipo que tem aqui) e uma noite de hospedagem em uma cabana. O Martin curte muito fotografia, natureza e aventuras, então nos demos muito bem. Deixamos até meio combinado para em novembro eu voltar a Madryn para fazermos uns acampamentos mais selvagens (sem ser pela agência) e para outubro de 2012 fazermos juntos uma travessia que ele já fez há 3 anos, de Puerto Madryn, na beira do Atlântico, até Puerto Montt, no Chile, na beira do Pacífico. Foi uma travessia a pé, em 46 dias, passando pelos desertos da Patagônia em uma estrada remota, junto com um outro amigo e um cavalo que levava a água. Pararam em algumas estâncias no caminho onde foram muito bem recebidos pelos moradores e ao final cruzaram os Andes na região dos lagos.
Bom, nesta viagem de 5 dia, passamos por Punta Lomas, onde descemos as falésias até uma pequena colônia de elefantes marinhos, onde pude tirar fotos muito de perto destes. Tendo a "manha" para se aproximar eles se mantem calmos, mas tem que chegar uma pessoa por vez, agaichada e se manter deitado no chão depois para que não se assustem ou não resolvam entfrentá-lo.
Zorro Gris
Neste primeiro dia, acampamos na pequena cidade de pescadores Camarones. O que foi muito bacana nesta viagem, é que por centenas de quilômetros andamos por estradas de "ripio", fora da tradicional Ruta 03, asfaltada. Foram estradas pelas quais não cruzamos praticamente com nenhum carro, com muito poucas estâncias no caminho e com a oportunidade de ver muitos animais selvagens. Vimos guanacos, peludos e pichis (dois tipos de tatus), choiques (parecidos com a nossa Ema), maras (parente do coelho, o maior da América Latina) , lebres, zorro gris (uma pequena raposa) e muitas aves, como a martineta, o flamingo e o carancho (carcará).
Antes de Camarones, quando desci do carro e corri estepe adentro para tirar foto de um pichi, acabei perdendo meu SPOT GPS Messenger (o estojo preso a um mosquetão arrebentou), o que me dei conta 70km depois em Camarones, já a noite. Parece mentira, mas eu e o Martin no outro dia pela manhã, bem cedo, voltamos e encontramos o GPS no meio da estepe patagônica. Foi como achar uma agulha no palheiro. Mas foi graças as técnicas de orientação aprendidas nas corridas de aventura. Calculei o tempo que percorremos a partir das fotos tiradas no local e em Camarones, calculei a distância provável e ainda usamos como referência o horizonte (na verdade uma parte plana de uma pequena elevação no terreno, com alguns arbustos mais escuros, como é possível ver na foto abaixo) par poder encontrar. Funcionou, o Martin que ahou enquanto fazia uma busca circular em um ponto e eu em outro. Fantástico.
Foto referência para encontrar o GPS.
Depois de Camarones, fomos para a linda Puerto Deseado, onde existe uma "Ria" em que o mar entra 50km para dentro da costa, no lugar de um rio de água doce existente a 12 mil anos atrás quando ainda havia geleiras por ali. O local foi visitado e elogiado pelo próprio Charles Darwin em sua viagem pela costa do Atlântico, junto com Fitz Roy, nas embarcações Beagle e Adventure. A partir de Puerto Deseados, visitamos a 250km de distância o Bosque Petrificado, com uma formação geológica que te faz sentir na pré-história. É um deserto cheio de "mesetas", montanhas cônicas com platôs retos como uma mesa no topo. As árvores petrificadas, tombadas, chegavam a ter 2 metros de espessura, algo realmente incrível.
Lobos marinhos machos
De Puerto Deseado fomos descendo por outros caminhos fascinantes até chegar em Rio Gallegos, cidade a partir da qual se cruza para o Ushuaia. A idéia inicial era ir para lá. Mas no momento de comprar a passagem, na rodoviária, resolvi trocar o destino e vim para El Calafate, onde me encontro agora, já que a previsão do tempo para Ushuaia nos próximos 10 dias era de chuva. O resto do pessoal foi para Ushuaia, já que a oportunidade para voltarem uma outra vez era bem mais remota, pela distância dos seus países de origem.
Glaciar Perito Moreno
Glaciar Perito Moreno
Eu
Big Ice
Aqui em El Calafate, realizei hoje um trekking de 7 horas, sendo 4hs sobre o Glaciar Perito Moreno, que faz parte do Campo de Gelo Sul, terceira maior área de gelo permanente no mundo, depois da Antártida e da Groenlândia. Indescritível a experiência. Eu já tinha andado sobre o gelo na ascenção ao vulvão Villarrica no Chile, mas era uma subida "lisa". No Glaciar se caminha o tempo todo subindo e descendo as formações "artísticas" criadas pela natureza, ao lado de pequenas e grandes gretas, sumidouros e até um lago azul sob o gelo. Almoçamos na beira do lago, em meio ao Glaciar. Foi bem cansativa a experiência, mas ao mesmo tempo incrível.
Queda de um bloco de gelo
Nesta terça me vou para acampar no lago La Roca, um local que dizem ser belíssimo aqui em El Calafate, voltando só na sexta-feira para sábado tomar um vôo para Porto Alegre, outra mudança nos planos, mas por um excelente motivo que vou contar só no próximo post.
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