sexta-feira, 1 de abril de 2011

Atacado por animal selvagem na Patagônia



Os últimos três dias passei no camping do Lago La Roca em El Calafate, que fica na mesma região dos glaciares e do campo de gelo sul. Saí terça de manhã de El Calafate com sol e cheguei lá, a 50km de distância, com chuva e frio.

O camping é excelente, um local muito bonito, rodeado de montanhas cobertas de neve e gelo. Há 200 metros a beira do Lago La Roca, que se conecta por um pequeno estreito ao braço sul do Lago Argentino. Como estava muito frio e chovendo, fiquei com preguiça de acampar e fui para uma das pequenas cabanas com calefação que o camping dispõe, e acabei dormindo a tarde toda de terça.




Na quinta, enquanto fazia fotos da neve que caia e cobria tudo de branco, conheci um casal de argentinos que estão há 1 mês viajando em uma van pelo país, e pretendem chegar em até 2 anos ao Alasca. Dei uma ajudada a desatolar a van na neve e depois saímos para fazer fotos juntos, terminando com um almoço nas instalações do camping.

Joaquim e Clara com a van em que viajam



Mas, na quarta-feita, como a chuva não parava, resolvi sair para caminhar mesmo assim pela região. Caminhei do meio-dia até as 18hs pegando chuva, vento e neve. Uma maravilha. Pior que tava legal mesmo, nestas horas você sente que a natureza aqui não tá pra brincadeira, é uma experiência interessante e que te coloca a prova de algumas coisas.

Entre elas, o risco de encontrar animais selvagens. E ser atacado por eles. Pois após umas duas horas de caminhada pela beira do lago, resolvi subir por uma trilha aberta até a estrada que leva à Estância Nibepo Aike, a partir da qual existe um caminho de 12 km em que é permitido andar, e também se tem acesso ao lago e refúgio Frias (para visitar o Glaciar Frias), mas que só permitem ir grupos de no mínimo 3 pessoas (nem com conversa mole o guardaparque te deixa passar, hehe). Estava distraidamente ajustando meu equipamento fotográfico quando dou de cara, a poucos metros na frente, com a fera. O animal negro e peludo, começou a ameaçar o ataque. Batia com as duas patas da frente no chão, acelerava em minha direção e bufava, chegando a espumar pelas narinas.


Fiquei paralizado, mas comecei a fotografar por instinto. Sabe-se lá se não seriam meus últimos momentos. Já sentia um ar gelado correndo pela espinha, que me endurecia o corpo mais ainda, somado ao vento gélido que me açoitava a face. O animal se aproximou, ficando a um metro e meio de distância, por vezes apenas nas duas patas traseiras, mostrando as garras afiadas em seus 30 cm de altura (não subestime, tamanho não é documento... já pensou em uma aranha de 30cm por exemplo?).


Nos olhamos por alguns momentos, nenhum dos dois recuava. Pensando que teria ainda muita coisa para ver na vida, resolvi dar alguns passos para o lado e abrir caminho para o animal, para ver se assim desistia de me ter como alimento. Segui me afastando lentamente, e ainda assim ele insistiu nas ameaças de ataque, e só quando abri uns 4 ou 5 metros de distância, resolveu então me dar as costas e seguir seu rumo, quem sabe em busca de uma presa mais a sua altura. Para mim foi um alívio. Pude então seguir na minha trilha, em direção oposta, e terminar minha caminhada de mais algumas horas tranquilo.

As fotos do animal e de alguns momentos do ataque apresento na sequência abaixo:

Zorrino











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